No Dia Mundial da Água, especialista diz que cuidar de recursos naturais ‘deve ser um estilo de vida’

A água ganha destaque com a relevância mundial nesta data.(Arquivo Pessoal/Reprodução)

22 de março de 2021

09:03

Bruno Pacheco

MANAUS – Nesta segunda-feira, 22, é comemorado o Dia Mundial da Água. Um dos recursos mais essenciais para os seres vivos. Para lembrar o cuidado e a preservação deste precioso bem, a CENARIUM entrevistou o ambientalista mestre em Saneamento, José Coutinho Bezerra, que ressalta que os recursos naturais deve ser um estilo de vida.

“O objetivo é colocar em discussão, assuntos importantes relacionados com esse recurso natural. Como sabemos, a vida no planeta só é possível graças à presença de água. Desse modo, cuidar das fontes de água é fundamental para a nossa sobrevivência. O corpo humano, por exemplo, necessita de água para diversos processos, como a manutenção da temperatura corpórea e o transporte de substâncias, podemos dizer a seguinte frase”, salientou o Coutinho.

Coutinho destacou que a população, de modo geral, deve entender que não há mais tempo para discutir a necessidade de manter a qualidade da água, mas de tornar isso uma prática comum. “É preciso criar uma cultura de pertencimento tratar a água como um bem individual e universal e que todos dependem disso para continuação da nossa espécie”, pontuou o ambientalista.

Aplicação de regulamentações para preservação do meio ambiente não tem sido efetiva, afirma o ambientalista (Arquivo Pessoal/Reprodução)

“Precisamos construir um mundo em que o homem aprenda a conviver com seu hábitat numa relação harmônica e equilibrada, que permita garantir alimentos a todos sem transformar as áreas agricultáveis em futuros desertos. Para isso, é necessário que se construa um novo modelo de desenvolvimento em que se harmonizem a melhoria da qualidade de vida das populações, a preservação do meio ambiente e a busca de soluções criativas para atender aos anseios da sociedade”, explicou José.

Saneamento

De acordo com o Ranking do Saneamento 2021 divulgado nesta segunda-feira, 22, pelo Instituto Trata Brasil, cerca de 5,5 milhões de brasileiros vivem sem acesso à água tratada e quase 22 milhões sem esgotos nas 100 maiores cidades do País. O estudo é feito com dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2019 e avalia os indicadores de acesso à água potável, coleta e tratamento dos esgotos nas cidades.

Segundo a pesquisa, o novo ranking confirma que o Brasil mantém sem serviços de água tratada quase 35 milhões de habitantes, sendo 5,5 milhões nas 100 maiores cidades. De acordo com o instituto, o Brasil ainda não trata metade dos esgotos que gera (49%), o que representa jogar na natureza, todos os dias, 5,3 mil piscinas olímpicas de esgotos sem tratamento.

“Os principais problemas ambientais causados pelo esgoto não tratado é a falta de oxigênio nos rios. Os dejetos contêm matéria orgânica, que serve de alimento para bactérias. No processo, elas consomem oxigênio, baixando o nível do gás na água. Em regiões urbanas, é comum encontrar rios praticamente sem oxigênio, onde o odor é forte e a fauna aquática não consegue sobreviver, todo esse processo, compromete a vida da humanidade e dos ecossistemas”, reforçou o José Coutinho.

Poluição

Para ele, são perceptíveis os problemas causadores da poluição ambiental dos recursos hídricos nas grandes cidades, por estarem relacionados com a produção de resíduos líquidos e sólidos resultantes da produção diária da população, das indústrias, dos insumos consumidos e descartados. “Além da produção de poluentes lançados pelos veículos e equipamentos movido a diesel, que ficam em suspensão na atmosfera e na superfície do solo que são lixiviados pela chuva até os corpos receptores, comprometendo qualidade da água”, continuou ele.

O ambientalista pontuo, ainda, que embora o Brasil possua uma série de regulamentações legais, a efetivação na aplicação dessas regulamentações não tem demonstrado resultados convincentes. “Em todos os lugares por onde podemos ver como estão os nossos rios e igarapés, tudo isso ainda não é capaz de inibir a prática desse tipo de crime ambiental. Entendo que se não forem tomadas medidas de conscientização em todos os âmbitos da sociedade sobre a importância de não lançar seus poluentes nos corpos receptores e, antes de serem tratados os esgotos os efluentes, a qualidade de vida e a da água da população das cidades que são abastecidas com a captada, seja superfície e dos lençóis freáticos, estará comprometida em um curto espaço de tempo”, concluiu.