Pela primeira vez na história, quatro mulheres concorrem à Presidência da República; ‘caminho rumo à paridade’

Simone Tebet, Vera Lúcia, Sofia Manzano e Soraya Thronicke são as candidatas (Thiago Alencar/CENARIUM)

12 de agosto de 2022

21:08

Priscilla Peixoto – Da Agência Amazônia

MANAUS – Com quatro mulheres na disputa pela Presidência da República, as Eleições 2022 se torna atípica, atingindo o recorde de candidaturas femininas na história do pleito brasileiro. Simone Tebet (MDB), Vera Lúcia (PSTU), Sofia Manzano (PCB) e Soraya Thronicke (União Brasil) integram a lista dos nomes que podem estar nas urnas como opções de voto.

Além dos 4 nomes presidenciáveis, 2022 também é marcado pela apresentação de duas chapas, totalmente, femininas que promovem a representatividade no Congresso. A primeira, com candidata à Presidência Vera Lúcia (PSTU) e a vice a indígena Raquel Tremembé, e a segunda chapa com as senadoras Simone Tebet (MDB) e Mara Gabrilli (PSDB).

Na leitura da advogada e presidente da Associação Manas, Amanda Pinheiro, o fato, além de ser inédito, significa o clamor e anseio da figura feminina por representatividade. “O que vemos, ao longo da história, é a mínima participação da mulher, sendo necessário esse aumento no legislativo, executivo, por questão de paridade de direitos. Neste momento, estamos na busca por isso, ainda não estamos nivelados, no sentido de igualdade de direitos, então, esse número é um sim, um caminho rumo à paridade e traz visibilidade às pautas femininas, ao clamor feminino pela busca de direitos”, considera.

Até o ano de 2022, 11 mulheres participaram na corrida para ocupar a vaga presidencial, são elas; Livia Maria, em 1989; Thereza Ruiz, no ano de 1998; Heloísa Helena, em 2006; Ana Maria Rangel, em 2006; Dilma Rousseff, nos anos de 2010 e 2014; Marina Silva, em 2010, 2014 e 2018; Luciana Genro, em 2014; Vera Lúcia, nos anos de 2018 e 2022; Sofia Manzano, em 2022; Simone Tebet e Soraya Thronicke também em 2022.

“Maior eleitorado e espaços de poder”

Amanda destaca ainda a necessidade de mais participação da mulher em espaços de poder, nas posições de decisão, influência e defesa do País. “Para que se alcance o mínimo de paridade é, sim, necessária a maior participação nesses lugares, é o mínimo”, diz a advogada engajada.

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), seguindo a tendência de eleições anteriores, as mulheres são a maioria das pessoas aptas a votar nas Eleições 2022. Dos 156.454.011 indivíduos que poderão votar no pleito, 82.373.164 são do gênero feminino.

O TSE aponta, ainda, que embora a maioria do eleitorado seja de mulheres, essa parte da população continua sub-representada. O órgão relembra que no pleito de 2018, apenas seis das 81 vagas do Senado Federal foram conquistadas por mulheres.

“Verificamos que o maior eleitorado do País, que tem o poder de decisão no pleito, ainda não compreendeu, totalmente, a necessidade da união e do apoio da figura feminina nos espaços de poder, isso gera força e mudanças necessárias na sociedade. Esse aumento é um passo vitorioso, mas temos um tanto a caminhar para que a figura feminina seja evidenciada e que mais políticas públicas sejam implementadas em prol das mulheres“, finaliza.

A luta pelo voto

Em 1932, durante o governo de Getúlio Vargas, o Código Eleitoral passou a assegurar o direito ao voto para as mulheres, porém, com ressalvas. Isso porque no início, o direito era reservado apenas para as mulheres viúvas, com renda própria, ou mulheres que eram casadas e que fossem autorizadas pelos seus respectivos esposos. Dois anos depois, essas limitações já não existiam mais e passaram a constar na Constituição Federal.

Mas antes de chegar a essa aquisição, houve muita luta, contendas em torno do tema já aconteciam lá em 1824, na época de Dom Pedro 1°, quando a Constituição não impedia o voto, mas não era clara