Prédio histórico da Manaus Belle Époque, no AM, ganha espaço ‘Café Palácio Arte & Cultura’

Arquitetura do período áureo da borracha, o Palácio da Justiça é uma pérola histórica encravada no centro de Manaus (Reprodução/ Internet)

13 de agosto de 2020

15:08

Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – Um dos prédios mais icônicos do centro histórico de Manaus – o Centro Cultural Palácio da Justiça – agora também é um point cultural com direito a performances de música e dança, pockets shows, exposições plásticas e audiovisuais, além de saraus literários.

Detalhes de uma arquitetura eclética de extremo bom gosto, o Café Palácio Arte & Cultura está muito bem alojado ( Reprodução/Internet)

O Café Palácio Arte & Cultura é um espaço para saborear delicias gastronômicas, mas, também é um lugar para se consumir cultura. Ele está aberto de terça a sábado, das 15h às 21h. E aos domingos das 07h às 12h.

Segundo Márcia Keyla, proprietária e idealizadora do espaço, a inauguração do espaço, assim como muitos outros empreendimentos, foi alterada por conta da pandemia.

“Abrimos em fevereiro e logo em seguida veio a pandemia e aí não precisa explicar…”, falou com certo humor.

O local que possui área interna e externa, oferece um café regional de primeira, com tudo o que a culinária regional pede, além de doces portugueses e caldinhos e sopas.

A mobília clássica do espaço é um convite para saborear um bom café e a curtir uma diversificada programação cultural (Reprodução/Divulgação)

“Temos também quiches de pupunha, tucumã, açaí e castanha e um caldo de piranha saboroso, agora estamos estudando outros pratos de culinária regional, mas, ainda estamos avaliando”, adiantou a Márcia.

Canoa Cultural

Na sexta-feira, 14, a partir das 17h, o menu de atrações do espaço ganha um reforço. A ‘Canoa da Cultura’ aporta no café para promover mais ações culturais. O ‘Canoa…’ é uma iniciativa de jornalistas, artistas e escritores, que tem por objetivo estimular e impulsionar a produção artística e literária do Amazonas.

No dia, o encontro será com o universo das letras. Amantes de romances e poesias terão hora marcada com o romancista João Pinto e o poeta Efraim Amazonas, que irão promover um fim de tarde de autógrafos dos seus livros ‘As pedras doentes da rua do fio’ e ‘Poemas de agosto’, respectivamente.

Com janelões e boa profusão de luz, o café é uma boa pedida em um final de tarde manauara (Reprodução/ Divulgação)

“Essa inciativa de agregar arte tem tudo a ver com a proposta do Palácio que na verdade não é mais um prédio voltado para a área jurídica, ele é um centro cultural. Estamos seguindo as normas sanitárias com distanciamento, álcool em gel; tudo para garantir segurança ao público”, explicou a proprietária.

“Tenho certeza que esse encontro literário se transformará em um verdadeiro sarau porque onde se tem artista, se tem a possibilidade de uma grande exibição”, finalizou.

História

O Palácio da Justiçaum imponente prédio que foi construído há mais de 100 anos para ser a sede do poder Judiciário do Amazonas. Com a mudança deste para outro endereço, o prédio foi revitalizado e funciona desde 2006 como centro cultural, com exposições e atividades artístico-culturais.

No entanto, o esplendor do prédio, com objetos e mobílias originais que remontam à história da justiça do Amazonas, permanece.  O Centro Cultural Palácio da Justiça tem dois pisos e sua arquitetura é uma mistura de vários elementos arquitetônicos, como o renascentismo e neo-clássico.

Gravura do centenário prédio do Palácio da Justiça do Amazonas, hoje um importante centro cultural da capital manauara (Reprodução/Internet)

Sua fachada foi projetada pelo arquiteto francês Charles Pyrouton e no alto do prédio tem uma estátua da deusa Themis, que personifica a Justiça na cultura greco-romana. Possui portões de ferro fundido importados de Glasgow, na Escócia, e calçada e escadarias em pedra de Liós, de Lisboa.

Seu interior é rico em ornamentações. O teto do hall é revestido em estuques com paredes em imitação de mármore. A imponente escada principal tem guarda-corpo metálico, com arcos dourados com seis hermas ou cariátides, importadas de Lisboa. O piso do hall é de ladrilhos hidráulicos.

O segundo andar é decorado com balaustradas, tetos recobertos com estuques, colunas, paredes marmorizadas e piso de madeira (acapu e pau-amarelo). A vista de suas janelas em arco é o Teatro Amazonas, localizando bem à frente, onde é possível ver com destaque a cúpula colorida do monumento.

A mobília é centenária. Destaca-se o relógio do tipo carrilhão, da década de 1920, com estrutura de jacarandá baiano e maquinário suíço. Tem também mesa feita de mogno, conjunto de mesas, cadeiras e espelho que vieram da última restauração, em 2002, além de móveis modernos, do funcionamento do Poder Judiciário até 2006, e lustre original feito de bronze e cristais.