Profissionais do turismo ainda sentem impactos da pandemia apesar de crescimento de 3,5% em dezembro

Turistas podem aproveitar para nadar com os botos e apreciar a Ponte sobre o Rio Negro, como no registro de Yves Veras. (Luís Henrique Oliveira/ Cenarium)

16 de fevereiro de 2022

13:02

Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – As atividades turísticas no País apresentaram crescimento em 2021, mas a retomada ainda é vista como “passos lentos”. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em dezembro de 2021, o índice das atividades desse setor cresceu 3,5% frente ao mês anterior. Contudo, o segmento de turismo ainda se encontra 11,4% abaixo do patamar de fevereiro de 2020, e os números são sentidos por profissionais do segmento.

É o que sente o empresário Olímpio Carneiro, proprietário da Olímpio Carneiro Turismo. Com os negócios a 100% antes da pandemia da Covid-19, a venda dos pacotes de turismo, principalmente do “Safari Amazônico”, pacote turístico que oferece passeio no Encontro das Águas, nado com o boto e até visita a uma comunidade indígena no Amazonas, ainda estão “engatinhando”.

“Estava até melhorando, aí veio a notícia da Ômicron e piorou novamente. A gente está trabalhando mais com pessoal local, é quem está movimentando, mas as agências menores estão tudo passando dificuldade. Os preços que estão vendendo são muito baratos, mas para bancar os custos, sobra pouco para o lucro”, explicou.

Carneiro ainda lembra que as dificuldades econômicas impostas pela pandemia, como o aumento do desemprego, faz muitas pessoas procurarem meios alternativos de renda, e o turismo tem sido uma área que atrai muitos interessados. Porém, o empresário também atenta para o risco da atividade clandestina, quando pacotes são vendidos por pessoas e/ou empresas não regulamentadas.

“Depois da pandemia, com o índice de desemprego, muitas pessoas correram para o turismo para vender sem nenhuma regulamentação. Se você chegar no aeroporto, no Teatro Amazonas, tem muita gente vendendo sem regulamentação. Estão prostituindo o turismo“, enfatiza o empresário.

“Antes da pandemia vendíamos um pacote por R$ 380, R$ 400. Agora, nossa tabela é R$ 250. As pessoas sem regulamentação vendem na informalidade, a partir de R$ 80. A gente vendia na faixa de até 1.200 passeios por mês. Hoje é a média de 60”, finalizou Olímpio Carneiro.

Atividades econômicas

Ainda segundo o IBGE, na comparação dezembro de 2021 com o mesmo mês de 2020, o volume de atividades turísticas no Brasil cresceu 30,7%, nona taxa positiva seguida, impulsionado, principalmente, pelos ramos de transporte aéreo; hotéis; restaurantes; rodoviário coletivo de passageiros; locação de automóveis; agências de viagens; e serviços de bufê.

Houve altas nas 12 unidades da federação onde o indicador é investigado, com destaque para São Paulo (34,0%), seguido por Minas Gerais (48,5%), Rio de Janeiro (17,6%), Rio Grande do Sul (57,2%) e Bahia (33,1%). Regionalmente, oito dos 12 locais pesquisados acompanharam a alta. A contribuição positiva mais relevante veio de São Paulo (5,7%), seguido por Paraná (6,0%), Distrito Federal (7,5%) e Rio Grande do Sul (4,0%). Em sentido oposto, Rio de Janeiro (-1,4%), Bahia (-2,2%) e Ceará (-3,9%) assinalaram os resultados negativos mais importantes do mês.

No acumulado do ano, o agregado especial de atividades turísticas cresceu 21,1%, impulsionado, sobretudo, pelos ramos de transporte aéreo; hotéis; restaurantes; rodoviário coletivo de passageiros; e locação de automóveis. Houve altas nos 12 locais investigados, com destaque para São Paulo (11,9%), Rio de Janeiro (16,9%), Minas Gerais (31,6%), Bahia (47,3%), Pernambuco (40,9%) e Rio Grande do Sul (39,0%).