Projeto ‘poetisa.te’ realiza ações para desenvolver pensamento crítico e político de adolescentes e adultos em Manaus

Oficina realizada pelo poetisa.te em escolas (Reprodução/Redes Sociais)

04 de julho de 2022

21:07

Ívina Garcia – Da Agência Amazônia

MANAUS – “Política também deveria ser um ato poético”. É com esse lema que o projeto “Poetisa.te”, fundado em 2019 pela poetisa Paloma Silva, dá vida às palavras e ultrapassa a barreira do convencional para ajudar a educar jovens e adultos sobre vivência política por meio da arte e literatura.

“Foi um movimento todo pensado e construído para disseminar o conhecimento e aproximar o sujeito do saber. Sabemos que não precisamos entender tudo e existe, sim, dúvidas muito simples, e que é muito necessário a gente falar sobre essas dúvidas para gente ter uma clareza de um pensamento consciente”, explica Paloma sobre a iniciativa.

No próximo sábado, 9, das 15h às 17h, o grupo vai promover um evento online e gratuito onde serão realizados debates para tratar de política e poesia e para construir um pensamento onde possa “aproximar o sujeito para o entendimento sobre um tema de extrema importância na construção social”, de acordo com a organizadora.

Participarão do debate o professor de Língua Portuguesa Raimundo Nonato, a pesquisadora de História Política, no Amazonas, Fernanda Fernandes, a assistente social e pesquisadora da Ufam Nicole Fernandes, a historiadora e pesquisadora Sued Ruiz e a coordenadora administrativa do CEP Camila Oliveira. O evento será realizado totalmente online e as inscrições podem ser feitas por meio de formulário clicando aqui.

Evento acontece no dia 9 de julho (Divulgação)

O projeto

Segundo a idealizadora do “poetisa.te”, o projeto utiliza como linha de pesquisa os pensamentos do professor e filósofo Paulo Freire que entende a educação como uma das necessidades humanas.

“Segundo ele (Paulo Freire), numa sociedade de classes, a sua politicidade pode estar atendendo a interesses antagônicos, ou seja, atendendo a interesses de ordem mercadológica, discriminatória, desumanizante, retroalimentando no mundo as problemáticas sociais, ou servindo ao processo de “autoconscientização”, humanização permanente, e sendo importante para a nossa intervenção no mundo cultural”, declara Paloma, que explica ainda como surgiu a ideia do projeto.

“Começamos a ser chamados em escolas para dar palestras e oficinas e, em 2022, decidimos levar essas oficinas, palestras e aulas para o Instagram, onde criamos uma ferramenta de resistência, sendo arte, cultura e educação”, explica.

Projeto iniciou nas escolas (Divulgação)

Para Paloma, a educação é a chave para a mudança. “Acredito que assim como a arte, a educação é uma ferramenta que é capaz de salvar o sujeito, olhar para o mundo com outros olhos, ter noção de outras percepções. A abordagem desse movimento é justamente isso, trazer clareza”, disse.

A iniciativa não possui patrocinadores e não recebe verbas públicas para o desenvolvimento, sendo totalmente custeado por doações e pela fundadora. “O projeto começou como uma conta nas redes sociais, ocupou instituições de ensino, hospital, comunidades, e patrimônio público onde aconteceu o nosso último sarau”, explica.

A iniciativa não recebe verbas públicas (Divulgação)

Interesse político

De acordo com o estudo Panorama Político 2022: opiniões sobre a sociedade e democracia realizado pelo Instituto DataSenado, com colaboração da Universidade de Brasília (UnB), 53% dos eleitores entrevistados têm interesse em política. Há 10 anos, esse número era de 63%. Desse total registrado na pesquisa de 2022, 18% tem alto interesse e 35% possuem interesse médio.

Um dos motivos entre os entrevistados com baixo interesse é o nível de conhecimento sobre o sistema político, atrelado a deficiências no ensino, que não transmitem informações sobre o tema de forma objetiva. O sentimento de desilusão também foi citado, assim como a percepção de que os atores políticos buscam manter a população alienada dessas questões.