Santo Antônio: o ‘santo casamenteiro’ e dos ‘achados e perdidos’

Conheça um pouco sobre a história do santo e a fé de quem é devoto do santo popular (Reprodução/Internet)

13 de junho de 2021

15:06

MANAUS – O mês de junho abriga muitas datas comemorativas, dentre elas o orgulho e o colorido da comunidade LGBTQIA+, Festas Juninas, celebração do meio ambiente, Dia dos Namorados e, também, é o mês em que se comemora o dia dele, Santo Antônio, popularmente conhecido como o “santo casamenteiro”.

Celebrado no dia 13 de junho, o dia de Fernando Antônio de Bulhões, ou melhor, Santo Antônio, tem a fama mundial de interceder pelos aflitos em questões amorosas e que anseiam um dia em se casar, é também padroeiro da cidade de Lisboa em Portugal e da cidade italiana de Pádua.

Amado por seus devotos que carregam consigo a crença no poder de santo de unir casais, o que não faltam são histórias ligadas ao “Santo do amor”, como é o caso da amazonense e administradora Cláudia Evangelista de 50 anos que, por meio de avó e da fé, estabeleceu uma conexão com o santo.

“Um dia minha avó me deu uma imagem de Santo Antônio que era uma relíquia de família. A imagem era do meu bisavô que sempre a carregava por onde fosse. Na época, eu andava triste por conta do término de um relacionamento. Ela pediu para eu rezar o “responso de Santo de Antônio”. Orei e pedi a Deus que se fosse da vontade dele e, por meio de Santo Antônio, eu tivesse meu namorado de volta e, de fato a gente voltou, foi daí que minha relação com ele começou”, conta Cláudia.

Achados e Perdidos

Além de ser o santo das causas amorosas, ele também é considerado o santo dos achados e perdidos. Segundo relatos de historiadores e devotos, ele teria perdido o breviário. Uma publicação de 2019 sobre fatos relacionados à vida de Santo Antânio da Diocese de Montenegro (do Rio Grande do Sul) conta que o livro de Antônio teria sido levado por engano por um aluno de um mosteiro onde ele lecionava.

Ao perceber que estava sem o livro (artigo considerado raro na época), sem saber para onde o aluno teria partido e angustiado, Antônio rezou intensamente para que o jovem voltasse e devolvesse o livro e, algum tempo depois, assim aconteceu.

A imagem é uma relíquia de família (Reprodução/Arquivo Pessoal)

O livro com anotações do santo, inclusive, é o mesmo preservado no mosteiro franciscano de Bolonha, na Itália. Anos depois da morte de Antônio, o episódio se espalhou ficando popular e caindo na crença do devotos que o ”elegeram” intercessor das coisas perdidas.

“Certa vez perdi minha bolsa com documentos e o santinho no táxi, procurei, corri de volta no shopping, fui ao ponto de táxi, e a pessoa já tinha realizado uma outra corrida, orei, pedi com fé e a bolsa voltou para mim com tudo dentro, inclusive o santo. Da outra vez foi uma máquina fotográfica caríssima que perdi num evento e ela foi parar em Salinas (Pará). Um jovem achou, mas os pais fizeram com que ele desse um jeito de devolver para o dono e só sei que a máquina acabou chegando de volta para mim. Eu tenho muita fé e sempre recorro para ele nesses casos”, conta a administradora.

“Pão e Fé”

A fé e devoção passada de geração para geração também fez com que Cláudia, por muitos anos, realizasse uma tradição ligada ao santo. Ela conta que distribuía cerca de 100 pães todo dia 13 de junho. A iniciativa era inspirada no santo que tinha como característica a caridade e boas ações ao próximo.

O conhecido “Pão de Santo Antônio”, segundo a história, Antônio, comovido com a pobreza dos arredores do convento que estava, distribuiu aos pobres todo o pão do lugar em que vivia. Um dos frades e padeiro, na hora de servir a refeição, deu conta de que os outros frades não tinham o que comer, pois os pães tinham sido “roubados”.

Ao contar para o santo o problema, ele foi aconselhado a mandou verificar melhor o lugar em que tinha deixado o alimento. Ao averiguar novamente, o frade padeiro teria voltado abismado, pois os cestos estavam cheios de pão, tendo o suficiente para alimentar os frades e os pobres do convento.

O santo compõe o altar particular da devota (Reprodução/Arquivo Pessoal)

Por que casamenteiro?

A história mais provável que contam os fiéis e relatos religiosos é a de que Santo Antônio, como figura bondosa que era, ajudava as moças pobres com dotes e enxovais para conseguirem realizar o casamento. A fama se espalhou e, mesmo após a morte, reza a lenda que uma moça de família muito humilde, ajoelhou aos pés da imagem do santo e orou para obter ajuda a realizar o casamento.

Milagrosamente, a moça teria recebido um bilhete para procurar um certo comerciante da cidade de Nápoles, na Itália. No bilhete estava o pedido para que o comerciante desse à moça moedas de prata equivalentes ao peso do papel, o comerciante achando bobagem, recebeu o bilhete e assim o fez.

Mas nao hora de dar moeda equivalente ao peso do bilhete, foram necessários 400 escudos da prata calculadamente pesados na balança. No mesmo momento, o homem lembrou que, durante uma promessa, havia prometido ao santo os 400 escudos de prata, mas nunca teria cumprido. Com o montante, a jovem pode realizar o tão sonhado casamento.

Sobre o santo

Aos 15 anos, Antônio de Bulhões, nascido em Portugal no ano de 1195, já teria ingressado para a Ordem dos agostinianos e, após 10 anos, foi ordenado sacerdote adotando o nome de Antônio em Coimbra, na Ordem do Frades Menores, ordem inclusive, fundada por São Francisco de Assis.  

Dentre tantas atividades e caridades desenvolvidas por ele, também foi nomeado pregador oficial dos Franciscanos e professor de Teologia, tornando-se famoso e respeitado pelas pregações realizadas. Tornou-se um dos santos mais importantes do catolicismo.

Numa sexta-feira, 13 de junho, aos 36 anos, no ano de 1231, Antônio adoeceu e antes de falecer, conta a história, que respirou, murmurando: “Eu vejo o meu Senhor”. Ele foi sepultado no dia 17 de junho em Pádua, na Igreja de Santa Maria Mater Domini, onde era seu refúgio espiritual. No ano seguinte, ele foi canonizado pelo papa Gregório IX.

“Eu acredito que tudo parte da fé, ela é condutora de um milagre. Obviamente vem de Deus, por intermédio dos santos, pois eles passaram pela terra e deixaram exemplo de santidade e de muitos feitos realizados. Santo Antônio foi um deles. Tão abastardo em vida, abdicou de toda riqueza e realmente foi seu exemplo de santidade e de amor a Deus. É muito mais que questões amorosas relacionadas a casais, é fé e amor ao próximo” finaliza a devota.