Seca dos rios deixa comunidades isoladas no Alto Solimões

Rio Negro vem baixando o nível 10 centímetros por dia. No ano passado, o Lago do Aleixo ficou completamente seco. (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

31 de agosto de 2020

18:08

Náferson Cruz – Revista Cenarium

MANAUS – Após o registro da maior cheia na Amazônia em 2009, quando o rio Negro atingiu a marca de 29,77 centímetros, este ano, pelo menos dois municípios do Amazonas já sofrem com a estiagem. Atalaia do Norte e Benjamim Constant, ambos na Calha do Alto Solimões, estão praticamente isolados.

Grandes embarcações que trafegam pelos rios Solimões e Javari suspenderam as viagens. A severa seca levou os comerciantes das localidades a fretarem embarcações menores para levar as cargas aos municípios e comunidades rurais.

Outra opção para o destino das mercadorias é o Terminal Hidroviário de Tabatinga, mas, com parte de sua estrutura assentada em terra firme, traz dificuldade ao acesso das embarcações. Ali próximo, no distrito peruano de Santa Rosa, na Tríplice Fronteira, as balsas flutuantes, que antes ficavam ancoradas na orla da cidade, estão sendo conduzidas para o leito maior do rio para não encalharem. Pelo menos 70 comunidades rurais na Calha do Alto Solimões estão ameaçadas pelo desabastecimento.

Apesar dos transtornos, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) em seu boletim informa que o processo de vazante está dentro da normalidade para a época do ano. Nesta segunda-feira, 31, o nível do rio Solimões atingiu a marca de 2 metros e 20 centímetros, 42 centímetros abaixo do registro feito no mesmo dia em 2019.

Em Parintins, município localizado Baixo Amazonas, o Monitoramento da Capitania dos Portos informou que o nível do rio Amazonas chegou a marca de 5,71 metros. Medida também considerada normal para a época do ano.

A Defesa Civil do município diz que ainda não há registro de comunidades enfrentando isolamento. Um dos problemas que preocupa é o desbarrancamento de terra. Recentemente, o muro de arrimo próximo ao Terminal Hidroviário cedeu.

Enquanto isso, em Manacapuru, no Baixo Solimões, atingiu a marca de 15,52 metros, 1,70 metros a menos em relação a mesma data no ano passado. Há alerta para navegação nos próximos dias, por conta do surgimento de pedras no leito do rio Solimões.

Nível do Rio Negro

Desde o início do mês de agosto, o nível do Rio Negro, em Manaus, reduz uma média de 10 centímetros ao dia, de acordo com medição do Porto de Manaus. Mas, nesta segunda-feira (31), a baixa foi de 15 centímetros. No mesmo período do ano passado, a redução chegou a sete centímetros. Para esta medida, o CPRM também afirma que a vazante está dentro da normalidade e não deve causar impactos extremos.