Valor do Auxílio Brasil, de R$ 400, compra 67% de uma cesta básica no País

20 de novembro de 2021

08:11

Victória Sales – Da Revista Cenarium

MANAUS – Com o aumento no valor dos alimentos básicos, o brasileiro está pagando cada vez mais pelo preço de uma cesta com itens básicos para alimentação no Brasil. Atualmente, o governo federal criou um programa destinado a famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza com o intuito de que consigam superar a vulnerabilidade social. No entanto, a equipe de reportagem da CENARIUM fez um levantamento que apontou que, com o valor de R$ 400 disponibilizado pelo programa, é possível comprar apenas 67% de uma cesta básica no Brasil.

A pesquisa foi baseada em dados divulgados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) durante uma recente pesquisa feita em 17 capitais do País. De acordo com o custo médio da cesta básica, 16 cidades registraram aumento e somente Recife teve uma diminuição, de -0,85%. E as cidades de Vitória, com 6%, Florianópolis, com 5,71%, Rio de Janeiro, com 4,79%, Curitiba, com 4,75%, e Brasília, com 4,28%, registraram as maiores elevações.

A economista Denise Kassama destacou que o antigo programa de beneficiamento do governo federal, o Bolsa Família, foi um dos programas de maior êxito no combate a pobreza e extrema pobreza no Brasil. “Estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indicam que no período de 2003 a 2014, a extrema pobreza reduziu 25% e a pobreza em 15%. Além disso, possui um efeito multiplicador na economia, promovendo a atividade comercial e de serviços nas localidades”, ressaltou.

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Denise conta ainda que, para quem está em situação de vulnerabilidade econômica, toda ajuda já é válida. “A Organização das Nações Unidas (ONU) define pobreza extrema famílias que vivem com menos de R$ 10,62 por dia. Ou seja, com R$ 400 a família estará levemente acima dessa meta, o que de fato não é suficiente, mas nesse caso, para o Estado do Amazonas, a pessoa consegue comprar duas cestas básicas, o que pode não parecer muito, mas para quem está nessa faixa da população, ajuda muito”, explicou.

A economista relata também que o valor disponibilizado pelo governo federal por meio do Auxílio Brasil é uma obrigação de assistir a toda população e implementar políticas sociais que objetivem a inclusão social e econômica. “Além disso, estamos falando de uma parcela bem significativa da população, que nos últimos dois anos, por conta da pandemia da Covid-19 e de outros fatores, aumentou significativamente. E se o governo não gerar políticas de combate à pobreza, ela aumentará e dificultará a retomada do crescimento econômico”, contou.

Dados

Os Estados que obtiveram o maior aumento nas cestas básicas foram: Florianópolis, que chegou com R$ 700,69, seguida por São Paulo, com R$ 693,79, Porto Alegre, com R$ 691,08, e Rio de Janeiro, com R$ 673,85. Já nas capitais da região Norte e Nordeste, Aracaju chegou a R$ 464,17, Recife, com R$ 485,26, e Salvador, com R$ 487,59, que tiveram os menores custos em relação as cestas de alimentos básicos. Em comparação a outubro de 2020 com o mesmo mês de 2021, o preço das cesta aumentou em todas as capitais brasileiras, que fizeram parte do levantamento.

Entre os principais alimentos que tiveram alta, está a batata, que pesquisada nas capitais do Centro-Sul, apresentaram oscilação entre 15,51% e 33,78%. Outro alimento que apresentou aumento foi o açúcar que oscilou entre 0,27% e 7,02%. O preço do feijão teve um recuo em 11 capitais, com pesquisa no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Já a carne bovina teve o preço reduzido em nove capitais, causadas pela queda na exportação. Vitória e Goiânia apresentaram as menores quedas e Rio de Janeiro e Curitiba apresentaram as maiores altas.